30 de maio de 2013

Condenação de Bordoni reproduz clima de fascismo

Não me recordo de alguém que tenha tido invejável coragem de depor na CPMI do Cachoeira, montada no Congresso Nacional, como o fez o jornalista goiano Luiz Carlos Bordoni. Bordoni deu show de republicanismo, atuou como cidadão brasileiro que não foge à luta, buscou o interesse público. Foi um brasileiro responsável, democrata de verdade, fazendo brilhante depoimento a favor de esclarecimentos importantes ao País.

A CPMI do Cachoeira deu a impressão que passaria o País a limpo em diversos assuntos, até então intocáveis, cito alguns:

1) Democratização da comunicação e a importância de políticas públicas que regulem o oligopólio da comunicação exercido por poucos grupos e a perversa estratégia de aboná-los com bilionárias doses de recursos públicos. Quadro este que se repete a níveis regionais e até municipais.

2) Financiamento de campanhas eleitoriais com recursos públicos, tendo como meta reduzir a formação de caixa dois de campanhas e o jogo de toma-lá-dá-cá que estimula o fisiologismo e o clientelismo, além da corrupção desenfreada e contrária à necessidade de modernização da gestão administrativa.

3) Papel da imprensa e prestadores de serviço de imprensa no exercício profissional do Jornalismo, abarcando a cooptação pela adesão a empreendimentos mafiosos e o mascaramento de relações perigosas com fontes de informação cujos propósitos recaem somente sobre fins político-eleitorais.

4) O surgimento de imprensa alternativa feita pelos cidadãos nas redes sociais, fortalecendo o papel da blogosfera para o aperfeiçoamento da democracia, visto que as novas tecnologias de comunicação e informação (TICs) dão maior chance de dar voz ao povo.

5) O papel do Judiciário na defesa do interesse público e combate à corrupção.

Afora os que se acovardaram e apelaram para o direito de não falar sob risco iminente de formarem provas contra si mesmos, porque isso lhes custaria, possivelmente, a confissão sobre malfeitos, Bordoni foi o único cidadão que contou a verdade sobre fatos. Pediu a acareação com todos quanto o execraram publicamente, inclusive demandou mais de uma vez o pedido de acareação entre ele e o próprio governador Marconi, além de Lúcio Gouthier Fiúza. Todos fugiram de encarar esse desafio de confrontar a bandeira da verdade empunhada pelo cidadão Bordoni, o que seria a atitude mais democrática e transparente da história da democracia brasileira, caso tivesse ocorrido.

Bordoni não inventou nada. Contou apenas o que sabia. E o que Bordoni sabia era o mesmo que todo o povo brasileiro foi informado sobre o escandaloso conteúdo de gravações realizadas pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal, no âmbito de duas operações realizadas contra a corrupção em vários estados, principalmente em Goiás. O depoimento de Bordoni fez a ligação do pagamento feito por uma das empresas fantasmas do esquema de campanha político-eleitoral de Carlinhos Cachoeira a uma conta bancária de sua filha Bruna. Tudo isso foi noticiado por algumas televisões e massivamente disseminado nas redes sociais.

Segundo Bordoni, ele recebeu dinheiro sujo para serviço profissional prestado de forma limpa, na campanha eleitoral de 2010. Não há nenhuma dúvida disso. Campanhas usam e abusam do expediente de pagar profissionais de comunicação com dinheiro, cash. Quanto mais caras, mais preocupação em esconder esse tipo de pagamento, com o objetivo de ocultar a fonte dessas montanhas de dinheiro que movimentam campanhas milionárias. Isso não significa que sempre haja dinheiro sujo, no entanto, esse comportamento não é legal e neste caso da CPMI do Cachoeira restou comprovado se tratar de dinheiro sujo, resultante de atividades de organizações criminosas.

Gostaria que o jornalista Luiz Carlos Bordoni soubesse que sei o quanto é duro lutar pela democracia em um ambiente de fascismo. Infelizmente, em Goiás, como cochicham vozes temerosas de serem perseguidas, censuradas e denunciadas, "está tudo dominado". Por esse motivo, estendo a ele e à família dele minha solidariedade. A solidariedade de um lutador quase solitário, mas não único, assim como ele. No final, um dia, saberemos que somos muitos e muitas, e toda a covardia e covardes que se escondem nas sombras do poder serão punidos, penitenciados nem ao menos que sejam no ajuste de contas com Deus.

LINK ABAIXO DE MATÉRIA DO BLOG DO BORDONI SOBRE O CASO DA SENTENÇA:

Chega de farsa! Queremos verdade e justiça!

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