20 de novembro de 2015

A vez da reinvenção das escolas na Era Social

Assim como os jornais e revistas impressos estão fadados ao desaparecimento, as escolas tradicionais também estão. O modelo atual pertence ao milênio passado: é burocrático e na esmagadora maioria dos casos se transformou em mero depósito de jovens, o que não estimula em nada a cidadania. O modelo atual de educação ainda é aquele opressor da criatividade, baseado na castração de sonhos e na fabricação de profissionais que vão supostamente ocupar uma vaga no mercado de trabalho. É um modelo que serve à manutenção do status quo e à reprodução de mecanismos de desigualdade social.
O sentido teleológico da educação é conscientizar o ser humano de suas limitações, mas, sobretudo, de suas potencialidades. As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) destruíram as paredes da escola tradicional, oferecendo informação e conhecimento que devem ser direcionados para o seu melhor aproveitamento. Vem dessa característica os estudos e tentativas de individualizar o ensino e aprendizagem por meio de algorítimos que contribuam para personalizar a capacidade de aquisição de conhecimento.
Já saímos da Era da Informação, em que o pensamento era guiado pela lógica binária dos computadores. Ao juntar hardware, software, telecomunicações e capital humano, chegamos à Era Social, em que a colaboração e o compartilhamento de informações e conhecimento são os fundamentos para a formação do cidadão global. Nesse novo contexto, a escola tradicional deve dar lugar a outra escola muito mais adequada a esta realidade.
Não só as escolas de ensino fundamental e médio se fecharam como feudos no sentido de não serem democráticas, as próprias universidades ergueram seus muros para se proteger de alguma forma contra os efeitos (e defeitos) das TICs. O novo cenário exige que o papel do professor seja revitalizado, ampliado e, principalmente, valorizado. Se o conhecimento ou experiências de sala de aula são compartilháveis, não se trata de atender os anseios dos alunos em classe e ou de seus pais. Trata-se de corresponder aos anseios de toda a sociedade, das comunidades local, regional, nacional e internacional!
Entre outras, considero que prioritariamente as razões de ser da escola moderna são as de promover ativamente as democratizações da comunicação e da inovação. Democratizar a comunicação significa dar voz ao cidadão, o que fortalece as relações da escola com a comunidade e estimula a cidadania e o bem-estar da sociedade. Democratizar a inovação significa fomentar a criatividade, criar e cocriar objetos ou recursos educacionais, desde informações, notícias, infográficos até produtos audiovisuais, aplicativos e multiplataformas multimídia de gestão de conteúdos, aprendizagem e recursos humanos.
O Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM) avançou demais nesse sentido da avaliação de competências. Mais do que as escolas e faculdades avançaram. A maior parte das competências de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias dizem respeito ao contexto da Era Social e TICs. O ENEM reforça o apelo à essa nova realidade, quando estima que os candidatos tenham habilidades não só cognitivas, mas também socioemocionais. Porém, são pouquíssimas as ações afirmativas governamentais promovidas para equacionar essa questão. É a escola que tem o dever de se reinventar. Na Era Social, as condições para que isso aconteça são as melhores possíveis. É assim que será possível criar condições de mudanças realmente democráticas.

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